10/18/2011

FESTA MUNDIAL DA ANIMAçÃO


PROGRAMAÇÃO


PANORAMA DA ANIMAÇÃO PORTUGUESA

Uma selecção dos melhores filmes portugueses realizados entre 2010 – 2011.
MAIORES de 10 anos | Duração total: 87 MINUTOS
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24 de Outubro – 21h30
26 de Outubro – 10h30
27 de Outubro – 14h00
29 de Outubro – 10h00
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INDEPENDÊNCIA DE ESPÍRITO, Marta Monteiro
MY MUSIC, Tiago Albuquerque e João Braz
OS OLHOS DO FAROL, Pedro Serrazina
OS MILIONÁRIOS, Mário Gajo de Carvalho
QUEM É ESTE CHAPÉU, Joana Toste
SEM QUERER, João Fazenda e João Paulo Cotrim
O SAPATEIRO, David Doutel Vasco Sá
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PANORAMA INFANTIL

Uma sessão feita à medida dos mais pequenos, com histórias animadas, cheias de lirismo e fantasia.
DOS 6 E AOS 12 anos | Duração total: 52 MINUTOS
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25 de Outubro – 10h30
26 de Outubro – 14h00
29 de Outubro – 10h00
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FOXY & MEG de André Letria (Portugal)
FLUFFY MCLOUD de Conor Finnagan (Irlanda)
WHISTLELESS de Siri Melchior (Dinamarca)
REPITU de Jana Richtmeyer (Alemanha)
GINJAS de Zepe e Humberto Santana (Portugal)
LES BALLONS NE REVIENNENT JAMAIS, de Cecília Marreiros Marun (Bélgica)
SALTINHO A MADRID, de Luís da Matta Almeida (Portugal)
DODU de José Miguel Ribeiro (Portugal)
THE LOST THING de Andrew Ruhemann & Shaun Tan (Austrália)
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CARTOON D’OR 2011

Sessão com os nomeados para o cartoon d’or, o grande prémio europeu para animação.
Maiores de 14 anos | Duração total: 72 MINUTOS
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28 de Outubro – 10h30
28 de Outubro – 14h00
28 de Outubro – 21h30
29 de Outubro – 16h30
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MOBILE, Verena Fels
PATHS OF HATE, Damian Nenow
THE GRUFFALO, Jakob Schuh & Max Lang
PIVOT, André Bergs
THE LITTLE BOY AND THE BEAST, Johannes Weiland e Uwe Heidschötter
THE EXTERNAL WORLD, David O’Reilly
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BEST OF E-MAGICIENS 2010 - ANIMAÇÃO DIGITAL


filmes premiados no E-Magiciens, um festival orientado para a jovem criação artística. Todos os anos se anunciam ali os melhores filmes provenientes das melhores escolas de animação do mundo.
MAIORES de 12 anos | Duração total: 60 MINUTOS

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24 de Outubro – 14h00
25 de Outubro – 14h00
27 de Outubro – 10h30
29 de Outubro – 15h00

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PHYSIQUES, Renaud Jaillette
RAME DAMES, Etienne Guiol
LOOM, Ilija Brunck, Jan Bitzer, Csaba Letay
MOBILE, Verena Fels
CONDAMNÉ À VIE , Hannah Letaïf, Vincent Carretey
GRISE MINE, Rémi Vandenitte
SODRAS (FLOW), Dorottya Szabo
THE BOY WHO WANTED TO BE A LION, Alois Di Leo
MATTER FISHER, David Prosser
CHERNOKIDS, Matthieu Bernadat , Nils Boussuge , Florence Ciuccoli, Clément Deltour, Marion Petegnief
MATATORO, Raphaël Calamote, Mauro Carraro , Jérémy Pasquet
TELEGRAPHICS, Antoine Delacharlery, Lena Schneider, Léopold Parent, Thomas Thibault

10/11/2011

SANGUE DO MEU SANGUE — O Dia Seguinte



Amores condenados, ego sádico no espírito de pequenos criminosos, disparidades familiares e a "puta de vida" da classe média-baixa em toda a sua rotina e todo o seu sofrimento confluem neste drama que consolida João Canijo como um formidável inovador na observação de hábitos e costumes lusos e, sem dúvida, o melhor contador de histórias no feminino do panorama nacional.



Sem expor um argumento inteiramente original (há muito de, por exemplo, Pedro Almodóvar e Mike Leigh na narrativa de SANGUE DO MEU SANGUE) nem desejando formular qualquer tipo de denúncia económico-social, Canijo aposta no realismo de cenários e personagens inserido na artificialidade de minuciosos planos-sequência e num espantoso trabalho de sonoplastia que, muitas vezes, apresenta ao espectador três situações — naquilo que não resisto em apelidar de "tridimensionalidade de som" — a decorrer, em simultâneo, na mesma meia dúzia de metros quadrados.

Este é o grande ponto forte de SANGUE DO MEU SANGUE. A colocação de diversas acções principais num segundo plano visual e sonoro está longe de se afigurar como mero exercício de estilo; avisa-nos, isso sim, dos segredos escondidos à superfície desta realidade que o argumento se encarregará de revelar. E, logo descobertos, a mise-en-scène transfigura-se completamente: de súbito, multiplicam-se os close-ups e as cenas filmadas com câmara ao ombro até à precipitação dos dois dramas cimeiros de SANGUE DO MEU SANGUE, ou para a semi-tragédia ou na opção pela manutenção de uma qualidade de vida que, embora arredada do ideal, não se deseja pior.



SANGUE DO MEU SANGUE pertence, brilhante e irremediavelmente, às suas actrizes: impecáveis Rita Blanco (numa versão emancipada da sua Margarida Lopes na série televisiva CONTA-ME COMO FOI), Anabela Moreira e Cleia Almeida, sem temor do reconhecimento de culpa nem da humilhação perante um elenco masculino muito eficaz na composição de homens com "h" pequeno...

É o melhor filme português estreado em 2011 — e pelo contexto temporal, dificilmente será destronado de tal estatuto. Se é "obra-prima" ou "o filme que reconciliará o público português com o o seu Cinema", só o tempo o dirá. Mas, pessoalmente, espero que o veredicto seja positivo. Obrigatório.

Samuel Andrade.

Nota: este texto reflecte apenas a opinião do autor, não representando a visão geral do 9500 Cineclube.

10/05/2011

AURORA - O Dia Seguinte



Se AURORA revela-se obra cinematográfica pioneira, intemporal e multitextual, tal deve-se à feliz união entre a criatividade expressionista de F.W. Murnau, os muitos dólares que Hollywood lhe consagrou (é pena que tal acepção, hoje em dia, fosse vista como irremediavelmente negativa) e a abundância de cativantes motivos para espectadores de qualquer geração ou contexto cultural.



A narrativa de AURORA pode ser resumida em poucas linhas. Um jovem agricultor (George O'Brien) é seduzido por uma mulher imoral (Margaret Livingston), a qual convence-o a assassinar a sua esposa (Janet Gaynor, vencedora de um Óscar por este desempenho), vender a quinta e mudar-se para a cidade. O homem, contudo, não é capaz de levar o plano até ao fim, acabando por redescobrir o amor que sente pela esposa após uma breve mas marcante estadia no movimentado e imprevisível quotidiano citadino.

O que parece simples no papel torna-se extraordinário no grande ecrã pela mestria de F.W. Murnau. Representando um dos trabalhos mais sofisticados e tecnicamente brilhantes da era do cinema mudo, os dois directores de fotografia, Charles Rosher (o fotógrafo predilecto de Mary Pickford) e Karl Strauss, construíram um mundo visual que parece preso à sua época e, ao mesmo tempo, intemporal, através de inúmeras e surpreendentes perspectivas forçadas, dramáticos chiaroscuros, composições em matte e montagens ópticas registadas on camera. Os cenários apresentam-se igualmente magníficos, combinando bucólicas paisagens campestres com um fantástico desenho de arquitectura expressionista.



Para um filme produzido há mais de oitenta anos, a elevada reputação crítica de AURORA nunca desvaneceu. Tal sucede não só pela universalidade dos seus temas — as dualidades entre campo/cidade, noite/dia, vício/virtude, vida/morte, etc. — mas, sobretudo, pelo modo como esses assuntos fundem-se num conto moral capaz de materializar estados de espírito (note-se como o dilema do Homem em assassinar a esposa transforma-o num grotesco exemplo de ser humano) e incutir no espectador um sentimento compatível ao de "alma renovada".

Impõe-se conhecer AURORA. Tanto pelo estatuto que ocupa na História do Cinema — e que não se cinge apenas ao período que antecedeu o sonoro — como pela ressonância emocional que, decerto, encontra nas audiências modernas. Num mundo que se apresenta tão racional, muitos de nós só desejariam regressar à "ingenuidade" de dois camponeses numa cidade como a que Murnau aqui encena.

Samuel Andrade.

Nota: este texto reflecte apenas a opinião do autor, não representando a visão geral do 9500 Cineclube.

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