7/19/2011

BANKSY — PINTA A PAREDE! — O Dia Seguinte


BANKSY — PINTA A PAREDE! apresenta-nos Thierry Guetta, um excêntrico, irrequieto e quase histriónico cidadão francês radicado em Los Angeles, que de cineasta amador e inepto transformou-se em nome de referência para o mercado da arte pop inspirada pela street art. A descrição dessa meteórica ascensão serve de propósito à primeira incursão do estilo artístico corrosivo de Banksy na Sétima Arte, num dinâmico documentário de ambígua veracidade e garantida satisfação, que nos permite aceder ao "coração" da arte urbana, forma artística caracterizada pela decoração das cidades com graffitis e stencils recheados de mensagens política e socialmente conscientes.

Na verdade, a questão em torno da autenticidade dos factos apresentados neste filme possui o mesmo efeito da aparição do elefante pintado de cor-de-rosa durante uma das exposições de Banksy nos EUA: o de "forçar" a nossa atenção para o que se encontra à superfície, menosprezando o cerne das reais intenções de BANKSY — PINTA A PAREDE! O «primeiro filme desastre sobre arte urbana» (tal como foi comercializado) revela-se poderoso no escrutínio gerado em torno da transformação da obra criativa em objecto com código de barras e de valor aleatoriamente determinado, assim como a atitude dos que gastam fortunas para adquirir essa suposta manifestação artística.

Mas se, de facto, o percurso de Thierry Guetta for totalmente inventado para auxiliar as intenções de Banksy — tão subversivas e mediáticas quanto um dos seus stencils —, então estaremos perante um dos mais bem conseguidos ardis audiovisuais (e artísticos?) deste princípio de século. A sua resolução pode não suscitar grande consideração mas, pelo poder de entretenimento aqui reunido, a mensagem perdurará na mente do espectador durante muito tempo.

Samuel Andrade.

Nota: este texto reflecte apenas a opinião do autor, não representando a visão geral do 9500 Cineclube.

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